segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma a uma

Havia tantas esperanças naquele momento...sentimentos fortes que em seguida nos maltrataram pela descontinuidade do encontro de nossas presenças.
Foi uma despedida doce aquela.
A cena que ficou em mim para sempre foi a de te-lo ao meu lado, conversando comigo, dobrando minhas roupas, entregando-me as peças uma a uma, para que eu colocasse na mala. 
Meu corpo aquecendo-se por dentro a cada peça, meu amor aumentando, meu enlevo tirando-me do ar.
Então me fui e você acenou da estrada.
Lágrimas escorreram durante todo o caminho. Como me senti só!
Você disse volta, volta!
Eu disse vem, vem, vem!
E a vida nos deixou para sempre separados.

Tita - 31/01/2011

Espreita

Ando pela casa, pelas ruas, por todos os lugares.
Saio pela estrada procurando o silencio e o sol, cantando pelo caminho.
Vou e volto, movo-me pela vida, movo-me pelos dias e horas.
Vou só, mas sei, você está sempre à espreita acompanhando minha fala, meus gestos e passos.
Por isto não olho para trás e, quando se faz o escuro, não abro os olhos.
Não quero ver mas, eu sei.
Você está ali, você está ali!

Tita - 31/01/2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Fagocitose

Com tantos dias em branco, decido que escreverei, de qualquer maneira. Abro o dicionário e encontro uma palavra.
Escrever por vezes é ato de bravura, principalmente quando nos surge uma palavra como esta, nada poética.
Gosto de escrever sentimento, escrever ternura, ruminar poesia. Gosto do som das palavras na minha mente e nos meus ouvidos.
Mas, vamos e venhamos: fagocitose é palavra que desafina, não cabe na escala de tons.
Entendo que preciso enfrentar o desafio de escrever sobre qualquer palavra de cabeça erguida, estabelecer processos, criar idéias e cumprir a tarefa...
Após matutar sem sucesso procurando uma criatividade impossível, decido: eu me tornarei um fagócito e não mais escreverei. Passarei o resto dos meus dias a destruir esta palavra tratando-a como um reles micróbio nocivo! Isto sim é o que ela merece.
Tita - 25/01/2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sou?

As musicas misturam-se e cada uma provoca um sentimento diferente.
Sou eu a que tem esta alma que absorve sons e sentimentos desta maneira tão real, incoroporando as sensações e  passando por todas como se o corpo estivesse em uma montanha russa?
É o meu eu, este que sente assim tão intensamente desde um raio de sol, uma pequena alegria, uma gota de espuma branca no corpo negro de sol, até uma lágrima que vem da profundeza e toma conta, tão totalmente, provocando soluços que num repente transformam-se em riso feliz de quem nunca viu tristeza?
Sou realmente eu, a que vive intensamente da calma à orgia, a que recusa totalmente ou se entrega sem reserva alguma aos acontecimentos da vida?
Sou eu?
Eu heim!!!!
Tita, 08/01/2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bafo

Há dias em que a vida sorri, como uma sala cheia de crianças felizes.
As coisas se encaixam e a alegria chega como um bafo que abraça e envolve, tomando conta de tudo.
Rápido e fugaz.
A vida em um bafo.
Um calor.
Que num repente deixa o corpo leve.
E leve, salta e alegre, ri e solto, dança e pula.
Tita - 07/01/2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Queijo derretido

Mordiscava o queijo aos poucos, saboreando cada bocado.
Goles pequenos de Stella Artois, delicia gelada entrando pelo corpo.
Can't you see quantas pequenas coisas se podem aproveitar?
You are so beautifull to me... adianta?
Violão toca sem eco.
Eu ouço meu ipod e cada um vive a sua vida.
Oportunidades? Muitas.
I am falling!
I am falling!
Unhas vermelhas cravaram-se em pele?
I am falling.
Cadê aquele sentimento?
Só quero completo, nem que breve.
Pela metade, no more!
Tita
Juquehy, 02/01/2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Corpo Magro

Nessas horas lembrava-se dele roçando o rosto em seu pescoço delicadamente, apertando o seu corpo e dizendo aquelas coisas que ela gostava de escutar e que lhe davam vontade de encostar-se ao corpo magro dele e dizer mais e mais e quero mais.
Até hoje não tinha entendido como, partindo de uma coisa tão boa, a pessoa agir tão estranhamente e embaralhar tudo, chegando a tornar-se indecentemente desconhecida. 
Incompreendia.
Quando cedera (ai que pressão), imaginara que seria leve, divertido, esporádico, mas verdadeiro.
Nada disso.
Transformara-se nessa coisa estranha e sem palavras, cheia de incompreensões, que era ele.
Porém, em horas de sol e mar e musica, ela se lembrava dele e do corpo magro e pensava: que pena!
Tita
Juquehy, 2/11/2011