Fiquei sentada lá. Não sei por quanto tempo.
Comi uma maçã pequena e depois mais uma.
Acho que não pensei em nada. Só eu ali, sentada em um banquinho em um canto escuro de um lugar pequeno.
Eu e o meu desanimo.
Fazemos boa companhia um ao outro. Andamos juntos, tomamos café, executamos tarefas e mais tarefas, nos abraçamos, caminhamos ombro a ombro, e nos sentamos para comer maçãs.
Já nos conhecemos há algum tempo e compartilhamos da solidão e da falta de crença em modificações que nos animem. Assistimos quase todos os dias a um mesmo filme e trocamos ideias sobre pequenas novas cenas que foram colocadas aqui e ali.
Costumávamos nos empolgar, desenhar novos enredos, queríamos abraçar desafios e alimentar repaginações. Hoje apenas nos olhamos e, compreendendo um ao outro, ficamos quietos.
Quando chega a hora de ir embora nos despedimos. Entro no elevador e me vou.
Não o levo comigo pois é ali sua morada e é ali que ele fica bem.
Dele me esqueço chegando ao térreo.
A porta se abre, alcanço a rua, sorrio, e vou ao encontro da vida.
Tita 31/03/2011