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Na teia da aranha |
Os pensamentos deslizavam pelo espaço entre o lembrar-se e o esquecer-se, assim como todos os acontecimentos deslizavam à sua volta. Quero ver se aguento, pensou. Afinal, é apenas acelerar e ir em frente.
O sinal abriu e não conseguiu mover-se porque a lembrança se apossara de todos os espaços, entrara dentro do carro e grudara nela como uma teia, viscosa e mole.
Deitou a resistência no visco da teia e deixou-se levar, abandonando qualquer tentativa de modificar os acontecimentos.
Perdeu o senso, o tempo, o espaço.
Quando voltou, tinha virado aranha.
Tita - 28/08/2010
foto: Na teia da aranha - Jony Cunha
http://www.flickr.com/photos/jonycunha/4376150714/