Lembro-me de borbulhas em um copo que, estranhamente, estava embaixo de um piano (de veneno? Quem bebeu morreu?), há muito tempo atrás.
Peguei-o mas me foi tirado e vi apenas as costas de quem o levava provavelmente cheio até o topo, com toda a minha capacidade de borbulhar. Não olhou para trás e nem mesmo preocupou-se, dia algum, em saber se me fazia falta o copo borbulhante.
Deve te-lo esquecido em qualquer lugar por onde passou, nunca mais recordando-se dele ou de onde foi deixado.
Desde então posso ter criado tufões, ventos fortes e benignos ou até leves brisas nada permanentes mas, borbulhas...nunca mais.
Tenho entrado embaixo de pianos em busca de copos perdidos, ou até procurado me deixar levar pelo vento mas...nada!
Foram-se as borbulhas.
Deve ser por isto que prezo tanto o mar.
Deixo que a água me invada enquanto procuro segurar as pequenas bolhas que se formam nas ondas e que,
que pena,
parece que afastaram-se irremediavelmente do meu ventre.
Tita
29 03 2012