Voou. Como se fosse um pássaro.
Era uma folha fina, quase transparente. O interessante é que era colorida, de um lilás bem forte.
Tentei pegar, não consegui.
Corri um pouco mas logo cansei. As crianças foram atrás:Corre! Corre! Quem pegar ganha um doce. Pisaram na lama, caíram no chão, tornaram a se levantar,correram mais um pouco.
Mas não conseguiram. A folha fez uma curva em U e veio novamente na minha direção.
Agora eu pego! Pega! Gritaram todos. Pega! Agora! Pulei, levantei os braços! Pulei de novo, o mais alto que consegui. Encostei nela, roçou nos meus dedos, tenho certeza de que quase peguei.
Não consigo! Não consigo! Corram, corram, temos de pegar.
E lá foi a meninada de novo. Correndo e gritando. Pega! Pega! É minha! Pega! Nada.
Um vento forte mudou o rumo de tudo.
Ao longe, cansados e desapontados, vimos a folha ir embora. Um pontinho lilás cada vez mais alto, voando no céu, como um pássaro.
Lembrei-me de nunca ter visto um pássaro lilás. E lembrei-me de nunca ter visto uma folha lilás. Por isto eu queria tanto aquela.
Sabe-se lá aonde pousaria. Sabe-se lá que caminhos tomaria. Sabe-se lá se alguém a pegaria.
De minha parte, tive de me conformar, inconformadamente, com a única afirmação possível: Não consegui pegar!
30/11/2006
Jaraguá do Sul, 30/11/2008





















