Foi a poltrona vermelha em que eu estava sentada que começou a crescer de um jeito estranho, apertando meu corpo por todos os lados.
Procurei levantar-me, alguma coisa me prendia, quis soltar-me, não consegui, pensei entrar em desespero.
Gritei, piorou.
Pedi, implorei, apertou e cresceu mais.
Então fiquei quieta, imóvel, procurando nem pensar, tal era o medo. Num momento acreditei que sufocaria porque não parava de crescer e colocar-me, cada vez mais, atada, fechada, abafada, isolada de tudo.
Fechei os olhos, procurei levar meu pensamento longe, mergulhei no meu mar mental, escutei musicas mentalmente, consegui sentir-me fora do corpo e percebi que, agindo assim, nada mais me faria mal.
A poltrona poderia crescer, apertar-me o quanto quisesse, eu não sentiria mais nada. Estava em meu mundo, aonde nada poderia me alcançar.
E então aconteceu: a poltrona murchou, desistiu, voltou a ser uma simples poltrona.
Acho que aprendeu que o que quer que fizesse, de nada adiantaria.
Eu me safo!
Tita, 28/10/2010