sábado, 5 de dezembro de 2015

De noite

Não entendia o porque daquele incessante acender e apagar de velas. Noites foram feitas para se dormir, coisa que não lhe estavam permitindo.
Flashes daquela luz a incomodavam, ainda o cheiro da parafina, o barulho do fósforo riscando o papel áspero.
Impossível dormir.
Levantou-se, encaminhou-se para o clarão.
O saber que havia alguém acordado acalmou aquele que clareava a noite sem parar.
Então, a que se levantara encontrou-se perdida no escuro de breu.
E lá ficou até o clarear do dia, sem saber o porque do acender das velas.
Tita - novembro de 2014 

Tudo a ver
As velas, são extensão da vontade e dos pensamentos daquele que as acendem.
Internet

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Distancia


Tirou a canoa do barranco do rio e colocou-a na água. 
Os gestos firmes e certeiros, o pensamento confuso.
Certezas? Não tinha.
Então sentou-se na tabua que era o banco e pôs-se a remar.
Descendo o rio, quase sumiu no horizonte.
Ela, que pensava ser uma saída breve, percebeu.
Ele, sem perceber, distanciou-se cada vez mais, sem volta.
Tita
Escrito em 17/11/2014

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Objeto



Dava-me calor aquele corpo aboletado em mim.
Meus quatro pés firmes no chão não se arqueavam mas chegavam a suar.
Com que força agarrava meus braços; decerto imaginando que se os largasse, cairia.
Cheguei a bufar, gemi um pouco.
Aprumou-se; acho que ficou preocupado. 
Levantei um dos pés, cambaleei um pouco. Tremeu, levantou-se de um salto.
O que foi? (alguém perguntou).
Cadeira estranha (disse ele).
Finalmente respirei.
Acho que aqui ele não se senta mais.
Tita 03/12/2015