Pintava as unhas de vermelho. Talvez porque achasse bonito ver as unhas vermelhas nas outras mulheres.
Um ele dissera que não gostava. Na verdade parecia que os eles não gostavam. Aliás, do que será que os eles realmente gostavam nelas? Nela?
Por isto era para ela mesma que pintava as unhas de vermelho. Cada vez um vermelho mais escuro e mais forte. Mais fixo, indelével, inesbotável, intirável, indesmanchável, indestrutível.
Nada melhor do que mudar palavras. E nada melhor do que pintar as unhas de vermelho.
Quando as despintava tornava-se uma des-ela porque ela sim, era aquela das unhas pintadas.
E, uma des-ela desmanchada, descorada e desarrumada era o que nunca nunca queria ser.
Tita 14/2/2013
foto: Vitorio Benedetti: http://www.flickr.com/photos/vbenedetti/41421298/sizes/z/in/photostream/