O ano novo será na praia.
Para lá o blog não vai.
O blog fica e aguarda que eu retorne.
Feliz ano novo aos que por aqui passaram e aos que me derem
o enorme prazer de passar por aqui.
Feliz no novo, Feliz ano novo!
28/12/2008
O início foi há muito tempo. Quando nem existiam blogs, quando nem se pensava em publicar, quando não se mostrava o que era escrito. O inicio foi quando surgiram os questionamentos, delinearam-se os tormentos, descobriram-se sentimentos. Mas não me lembro quando foi. Deve ter sido em dia sem data, em momento sem hora. Deve ter sido quando eu nem era eu para que então pudesse me expandir, explodir e chegar até aqui.
Chamam-se Prímulas algumas flores que nascem com a primavera... e surgem viçosas e cheias de cor nessa estação do ano.
Eu caía sim na gandaia! Dançava feito louca, bebia sem pensar, varava a noite, me perdia e vinha a me encontrar assistindo ao amanhecer conversando filosofias, abraçando amigos que seriam inesquecíveis para sempre, não me lembro quem... Eu então, nem era, ou nem mesmo me lembro de mim. Hoje prefiro a alegria à gandaia. Prefiro os poucos amigos próximos aos inúmeros passageiros. Prefiro a bebida moderada, só pra relaxar um pouco, prá brindar, pra compartilhar e cuido de mim como quem cuida de algo raro e delicado, me gosto e me presenteio como a quem merece mimos e, como não encontrei ainda quem cuide de mim como me sinto merecedora, cuido-me eu. Porém ainda gosto (e como gosto!) de dançar, de rodopiar e de me entregar a paixões que realmente valham a pena e sejam correspondidas. Hoje, da gandaia resta-me a paixão que esta sim, merece ser bem vivida. Que se acabe, mas que me leve para a gandaia do amor, da entrega, do calor de tudo, do envolvimento completo. Que se transforme no amor para sempre apaixonado, aquele que não me canso de procurar, ou que morra em seguida, mas que tenha sido vivida intensamente nem que eu a sofra profundamente e que meu corpo e minha mente sejam tomados por uma ressaca total. Que venha a gandaia. Depois dela, de um jeito ou de outro, eu cuido de mim.
Por que se me turva a vista se límpida deveria colocar-se nas coisas do mundo?
Da poltrona olhava através da porta aberta, com os dois olhos. Para mim, olhava com um olho só, sempre.
Intervalo de ópera, de concerto, de teatro. Antigamente até cinema tinha intervalo. Momento de correr para um café sempre cheio de filas, um copo rápido de pró-seco na sala São Paulo ou correr para o banheiro, gente para todo o lado. Intervalo de programa na televisão às vezes propagandas demais, hora de buscar a pipoca, a coca cola. Beijos no intervalo, casal abraçado no sofá assistindo filme, um cobertor nos dias frios. Intervalo entre filhos. Intervalo de tempo, entre um acontecimento e outro, entre um pensamento e outro, entre um trabalho e outro, para o café, para o lanche, para o jantar. Intervalo de sentimentos. Intervalo na reunião que se arrasta, intervalo de férias, intervalo de ócio nem sempre criativo. Intervalo entre amores ou entre o mesmo amor. É possível também ser o próprio intervalo, aquele que preenche um, que vem e vai como se nem tivesse sido. Eu já fui um. 8/12/2008
Embarquei no olhar e dali transpus o limiar da banalidade. Qualquer consideração deste ponto em diante seria difícil e cheia de detalhes. Decidi não voltar atrás e caminhei com passos firmes sentindo, porém, o corpo trêmulo.

Sou daquelas que tem troncos fortes e alguns espinhos.
Encontraram-se sem querer, ela e o vampiro.
Eu vi um morro que não era mais morro e não consegui ver as casas que havia embaixo. Disseram que eram 3 e mais duas revendedoras de automóvel, que não estavam mais lá. Só vi a terra e os tratores que tentavam remover tudo. Não sei aonde eram os caminhos nem se havia quintal ou jardim. Não sei se o morro despencou de dia ou de noite. Só vi o lamaçal, alto, denso, escorregadio, parecendo ter vida. Parei e olhei. Vidas acabadas, trabalho destruído, tudo virou ontem. Para a frente só o recomeçar de quem continua, sem o que ficou para trás, sem quem ficou para trás. Estive lá. Chorei, de que adianta... Fiz pouco, podia fazer mais... Vi gente fazendo muito, gente mais gente do que eu. Fiquei pequena demais. Estou soterrada pelas inúmeras coisas desnecessárias que tenho em casa e pelos meus sentimentos que teimam em desmoronar perante as intempéries da vida. Voltei. Nem escrever sobre isto sei. Fosse jornalista, saberia?